Quarta-feira 9 de Outubro de 2024
Breves

«Somos todos filhos de Deus»

Bento XVI pede aos participantes do Fórum católico-muçulmano que se ultrapassem mal entendidos e se resolva o passado para trabalherem em conjunto.

Bento XVI afirmou aos participantes do Fórum católico-muçulmano que todos são seguidores do mesmo Deus. O Papa, que, esta manhã, recebeu, em audiência, 138 representantes muçulmanos e outros representantes católicos, encorajou os presentes para se “ultrapassar todos os mal entendidos e discórdias. Vamos resolver o passado e corrigir as imagens passadas, que ainda hoje podem tornar difíceis as relações. Vamos trabalhar conjuntamente para educar as pessoas, em especial os jovens, e construir um futuro comum”.

No palácio Apostólico Vaticano, o Papa, afirmou que o Fórum, que hoje termina, “marca um sinal claro de estima mútua e desejo de ouvir todos, respeitosamente”.

O Papa assegurou as suas orações, acompanhando o decorrer do encontro, consciente de que representava “mais um passo para o caminho conjunto de maior entendimento entre muçulmanos e cristãos, dentro do esquema dos encontros regulares entre a Santa Sé e os vários grupos muçulmanos”.

A carta aberta «Um mundo comum entre nós e vocês», assinada pelos íderes cristãos a 13 de Outubro de 2007, “recebeu inúmeras respostas, e provocou o diálogo, iniciativas específicas e encontros, que ajudam a conhecer de forma mais profunda e a ganhar estima por valores partilhados”.

O presente Seminário despertou um incentivo para “assegurar que as reflexões e desenvolvimentos positivos, que emergem no diálogo entre muçulmanos e cristãos não são limitados a um grupo pequeno de especialistas e estudiosos, mas são um precioso legado ao serviço de todos, que trará frutos a cada dia”. Bento XVI sublinhou estar consciente que muçulmanos e cristãos têm diferentes abordagens em relação a Deus, mas que podem ser “seguidores do mesmo Deus que nos criou a todos e está preocupado com cada um de nós”. J

O Papa indicou o dever de mostrar “através do nosso mútuo respeito e solidariedade, que nos consideramos membros da uma família: a família que Deus tem amado e juntado desde a criação do mundo até ao fim da história humana”.

Bento XVI felicitou a adopção de uma posição comum, no Fórum, sobre a necessidade de seguir totalmente Deus e de amar os homens e mulheres desinteressadamente, especialmente os que mais precisam. “Deus chama-nos para trabalharmos juntos, pelas vítimas das doenças, da fome, da pobreza, da injustiça e violência”.

“Devemos trabalhar juntos por respostas genuínas que, promovam a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais, mesmo que a nossa visão antropológica e a nossa teologia justifiquem caminhos diferentes”. Bento XVI recordou que “há um vasto campo onde podemos defender os valores morais que são herança comum”.

“A minha esperança é que estes direitos fundamentais sejam protegidos por todos – líderes políticos e religiosos têm o dever de assegurar os livre exercício desses direitos, em completo respeito pela liberdade de consciência individual e liberdade religiosa”.

O Papa recordou que a discriminação e violência que as pessoas religiosas experienciam por todo o mundo, as violentas perseguições a que estão sujeitas, “representam actos inaceitáveis e injustificáveis, ainda mais quando são cometidos em nome de Deus”. Bento XVI recordou que “o nome de Deus é um nome de paz, de fraternidade, de justiça e de amor” e, por isso, “temos que demonstrar, pelas nossas palavras e pelos nossos actos, que a mensagem da nossa religião é, sem erro, uma mensagem de harmonia e de entendimento mútuo. É essencial que o façamos, caso contrário, enfraquecemos a credibilidade e a eficácia não só de nosso diálogo, mas também de nossas religiões”.

O Papa expressou o desejo de que o Fórum Católico-muçulmano, “que dá agora os primeiros passos, possa tornar-se um espaço de diálogo e de assistência no caminho conjunto para um melhor conhecimento da Verdade”.

Em representação da delegação muçulmana, o universitário norte-americano Seyyed Hossein Nasr sublinhou, por sua vez, que muçulmanos e cristãos “crêem uns e outros na liberdade religiosa”. Mas Nasr salienta que os muçulmanos “não aceitarão um proselitismo agressivo que destrua a sua fé em nome da liberdade, tal como os cristãos não o aceitariam se estivessem na situação” dos seguidores do islamismo.

Na sua intervenção, o mufti da Bósnia, Mustafa Ceric, líder da delegação muçulmana, lembrou a guerra que devastou a ex-Jugoslávia no final do século XX, frisando que os “irmãos bósnios muçulmanos sofreram um genocídio”.

 

Fonte www.agencia.ecclesia.pt

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