O anúncio de Cristo crucificado era a razão da vida de São Paulo.
Bento XVI explicou nesta quarta-feira aos 20 mil fiéis congregados na Praça de São Pedro que a Cruz continua sendo o ponto chave e primordial da mensagem cristã, como foi para São Paulo.
O Papa seguiu com seu ciclo de catequeses por ocasião do Ano Paulino, e desta vez se centrou no conteúdo da pregação do Apóstolo, que era a experiência do amor de Cristo na Cruz, um anúncio – o de Deus encarnado em Cristo morto e ressuscitado – que, afirma o Papa, «na cultura antiga não parecia ter espaço».
«A cruz, por tudo que representa e também pela mensagem teológica que contém, é escândalo e necessidade», afirmou o Papa.
«Se para os judeus o motivo de rejeição da Cruz se encontra na Revelação, ou seja, na fidelidade ao Deus de seus pais, para os gregos, ou seja, os pagãos, o critério de juízo para opor-se à Cruz é a razão».
Para os judeus, a Cruz é um «escândalo», ou seja, «armadilha ou pedra de tropeço: parece ser obstáculo para a fé do piedoso israelita», enquanto que para os gregos «já era inaceitável que Deus se fizesse homem, submergindo-se em todos os limites do espaço e do tempo. Portanto, era decididamente inconcebível crer que um Deus pudesse acabar em uma Cruz!».
Esta mentalidade «não é muito distinta do mundo atual», mas contudo, «a séculos de distância de Paulo, vemos que a Cruz venceu, e não a sabedoria que se opõe à Cruz».
«O 'escândalo' e a 'necessidade' da Cruz estão precisamente no fato de que onde parece haver só fracasso, dor, derrota, precisamente aí está todo o poder do amor ilimitado de Deus, porque a Cruz é expressão de amor e o amor é o verdadeiro poder que se revela precisamente nesta aparente fraqueza», acrescentou o bispo de Roma.
Ao ter experimentado este amor em sua própria pessoa, a Cruz passou a ser para Paulo «a razão de sua vida e o motivo de sua pregação», explicou o pontífice.
O «Evangelho da graça» se converteu assim, acrescentou, «na única forma de entender a Cruz, o critério não só de sua nova existência, mas também a resposta a seus interlocutores».
Para São Paulo, revelou o Papa, «a Cruz tem uma primazia fundamental na história da humanidade; representa o principal ponto de sua teologia, porque dizer Cruz quer dizersalvação como graça dada a toda criatura».
Este anúncio paulino, concluiu Bento XVI, é «relevante» para os cristãos hoje. «Também nós devemos entrar neste «ministério da reconciliação», que supõe sempre a renúncia à própria superioridade e a escolha da simplicidade do amor».
«São Paulo renunciou à sua própria vida, dando-se totalmente a si mesmo para o ministério da reconciliação, da Cruz que é salvação para todos nós. E nós também devemos saber fazer isso», acrescentou.
«Devemos formar nossa vida sobre esta verdadeira sabedoria: não viver para nós mesmos, mas viver na fé nesse Deus do qual todos nós podemos dizer: "Ele me amou e se entregou por mim"».
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