Quinta-feira 12 de Dezembro de 2024
Breves

“Fraternidade, fundamento e caminho para a Paz”

Foi este o tema escolhido pelo Papa Francisco, para o Dia Mundial da Paz, de 1 de Janeiro de 2014.

 

O Papa considera que não existe Paz sem fraternidade e que esta se aprende no seio da família.

 

Na sua Mensagem considera que “convém, desde já, lembrar que a fraternidade se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças sobretudo às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade sendo, por isso mesmo, também um fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação deveria contagiar o mundo com o seu amor”.

 

Como discípulos de Cristo, temos de ser construtores de pontes entre homens, que sejam caminhos de paz e elos de ligação, através dos quais saibamos repartir com os outros, o muito ou o pouco que podemos dar.

 

Jesus Cristo, cujo nascimento comemorámos há poucos dias. Está vivo e actuante em cada um de nós que lhe saiba abrir o coração.

 

E, abrir o coração a Cristo, é abrir também os olhos para o mundo que nos cerca com os seus múltiplos problemas entre os quais o angustiosos flagelo da fome, que reclama, neste momento, uma atenção concentrada de todos os homens de boa vontade.

 

Relativamente à fome no mundo, o Papa Francisco publicou numa mensagem vídeo: “Estamos perante um escândalo mundial que afecta quase mil milhões. Mil milhões de pessoas que ainda hoje passam fome: não podemos virar a cara para o lado e fingir que esta realidade não existe”, lembrando ainda que “os alimentos hoje disponíveis no mundo seriam suficientes para alimentar todos”.

 

 Citando Frederico Ozanam:”tornarva-se necessário que os cristãos saíssem do conforto das suas casas e da tranquilidade das igrejas, para descobrir os pobes, para entender e experimentar onde e como viviam”.

 

É a ganância do homem o principal factor produtivo da miséria humana, pois um mais equitativa distribuição dos bens da terra seria importante meio para atenuar ou mesmo eliminar as assimetrias existentes neste mundo tão desigual.

 

Para se compreender o que é ser pobre, daquele que nada tem, há que pôr de parte o nosso conforto, tentando saber o que é sentir fome, sentir frio, contar o parco dinheiro para o dia-a-dia, estar numa fila à espera de uma tigela de sopa ou de um pão.

 

Ocorre-me referir, nesta altura, o que se refere a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, logo no seu artigo 1.º: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”.

 

Que profunda ironia em relação ao que constatamos actualmente à escala mundial! Se todos cumprissem os seus deveres, nos diversos campos de actuação a qualquer nível, fazendo justiça aos injustiçados de toda a ordem, certamente estar-se-ia a dar aos homens a possibilidade de viver em liberdade, com justiça e em segurança, para o bem-estar comum. Na realidade, a luta pela justiça é um dos deveres mais importantes e prementes, ainda mais quando ela se encontra tão desacreditada pois, a cada passo, deparamos com o uso de dois pesos e duas medidas, consoante os interesses em causa pesarem mais na balança normalmente o peso do outro contra o peso do direito.

 

Se quisermos uma paz bem alicerçada, torna-se necessário que as relações entre as comunidades se subordinem aos direitos e deveres, se realizem na base da verdade, de justiça e no respeito pelas minorias.

 

Que os homens saibam compreender a beleza de um dos mais profundos anseios da humanidade – A PAZ – não pela força das armas, mas pela força da “Fraternidade, fundamento e caminho para a Paz”.

 

in Boletim Português da Sociedade de São Vicente de Paulo – Janeiro 2014

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