Quinta-feira 12 de Dezembro de 2024
Breves

Bispos deixam alertas para o Natal

Situação de crise e a atenção aos mais desfavorecidos ganham destaque nas mensagens publicadas por estes dias.

 

A actual situação de crise, a preocupação com o sentido da quadra e a atenção aos mais desfavorecidos ganham destaque nas mensagens de Natal que os bispos portugueses enviam aos fiéis das suas Dioceses neste ano de 2008.

Apesar de referir que o Natal é a festa “mais alegre, mais familiar, mais calorosa do nosso calendário”, D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, realça na sua Mensagem que “vivemos este Natal num contexto de profunda crise económico-social que se reflecte em várias formas de pobreza”.

Perante esta realidade, D. António Marto pede “que o «Menino-Deus» desperte em todos uma onda de ternura e caridade, de partilha e solidariedade a favor de quantos fazem a experiência dura da fragilidade: os pobres, os doentes, os idosos, os sós, os sem trabalho e sem casa, os marginais, os recusados e os desesperados”.

Para além dos actos convencionais – a ceia em família, a missa da meia noite, os cânticos tradicionais, a troca de presentes, os votos de Boas Festas, o presépio, a árvore de Natal, a partilha com os pobres – o “Natal cristão é sobretudo a celebração dum profundo mistério que constitui a novidade e o coração da fé cristã”, frisa o prelado.

D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), deixa na sua mensagem de Natal de 2008 um convite a “olhar para os sofrimentos de muitos cidadãos” no nosso país.

“Vivemos num período de insegurança e instabilidade. Encarar o presente, para muitos, é preocupante e o futuro aterroriza por aquilo que pode proporcionar”, admite.

A mensagem do Arcebispo de Braga para este Natal tem como título "Nos sofrimentos de muitos cidadãos, a alegria de dar".

Segundo este responsável, há “necessidades humanas básicas para as quais muitas famílias e pessoas não dispõem dos recursos necessários para as satisfazer”, pelo que questiona: “Valerá a pena fechar os olhos? A ideia duma sociedade de direitos iguais para todos continua a ser ilusão e utopia? Não teremos nada a fazer?”.

Imitar Jesus

D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, lembra que com o seu nascimento, Jesus “tornou-se próximo para solucionar distâncias. Mostrou-se humano para contrariar desumanidades. Fez de todos os abandonados a sua companhia, para revelar critérios”.

“O domínio dos bem pensantes, a acumulação dos bens, o farisaísmo de comportamentos, as meras legalidades do exterior, os furores religiosos, os vazios do coração, sempre foram contrariados por um buscador da Justiça, da mansidão da coragem e do Testemunho da Paz. A Sua condição de Deus fê-Lo ainda mais humano e irmão de todos, sobretudo de quem repudiado, não tinha espaço entre civilizados”, indica.

D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, alerta para a necessidade de combater um “ambiente social de consumismo e materialismo, de vaidade e ganância, de ruído e dispersão” que não favorece a vivência da espiritualidade.

“As pessoas têm necessidade de vida interior, de encontro com o mistério de Deus que é a referência e o alicerce da vida humana. É a espiritualidade que enriquece o coração, fortalece o ânimo para viver com esperança, gera a sabedoria do alto para orientar a existência e promove a vida comunitária”, assinala.

Incomodar os poderosos

Na primeira mensagem que envia à Diocese de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias diz que “desde a primeira hora” Jesus é tido como “presença incómoda e ameaça para o poder constituído na injustiça e no despotismo”.

“É pedra no sapato para os instalados na vida, os egoístas, os violentos, os interesseiros, os exploradores, os que se julgam donos da vida, do mundo e dos seus recursos económicos, os manipuladores da consciência dos outros, os que passam o tempo a reivindicar excepções e privilégios, os que sobem na vida à custa do «sangue e trabalho» dos pobres”, atira.

Para o prelado, “Ele continua a atrair multidões e a muitos incomodar pela sua origem, doutrina e postura, pelos horizontes que rasga e pelos caminhos que aponta. Continua a provocar e a não deixar ninguém indiferente”.

Nesse contexto, convida a olhar, neste Natal, para os “pobres, doentes e os que sofrem as vicissitudes de uma vida que teima em não sorrir por mercê das suas circunstâncias existenciais e esperam a nossa solidariedade e bem-fazer”.

 

Fonte: www.ecclesia.pt

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