Quinta-feira 18 de Abril de 2024
Breves

Associação Internacional de Caridade

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A Associação Internacional de Caridade é uma das mais antigas associações femininas da história do voluntariado. As suas origens remontam ao ano de 1617, ano em que São Vicente de Paulo, reuniu em Châtillon-les-Dombes pela primeira vez, um grupo de senhoras e estruturou as primeiras iniciativas de assistência às famílias pobres da paróquia.

São Vicente de Paulo “baptizou” este primeiro grupo e àqueles que o seguiram de “Caridades” e os divulgou não só em França como também na Itália e na Polónia, criando assim a Associação Internacional de Caridade. Para favorecer a unidade desta obra, criou regras baseadas baseadas no seguimento de Jesus Cristo, num amor evangélico sem fronteiras, na organização das intervenções, na criatividade para encontrar novas maneiras de ajudar os Pobre.

Para manter a comunicação entre as Caridades, Vicente de Paulo escreveu um número considerável de cartas e até publicou Relações e um boletim muito parecido ao actual publicado por esta Associação.

Após a morte de São Vicente de Paulo, as Caridade difundiram-se por numerosos países, principalmente graças aos Padres da Congregação da Missão e às Filhas da Caridade. Foram criadas Associações Nacionais ligadas entre si por laços de colaboração e coordenadas pela presidente da Associação francesa. Ao mesmo tempo, nascem espontaneamente noutros países, grupos que se integraram à Associação das “Caridades” com os mesmos objectivos e carisma. Apesar de esta colaboração ter sido interrompida no século XVIII, quando a Associação francesa teve de cessar as suas actividades por causa da Revolução de 1789, retoma os seus contactos em 1840 com as diversas Associações.

Em 1930, realizou-se o primeiro Congresso Internacional das “Caridades”. Aquando da segunda guerra mundial houve uma ruptura nas relações e os congressos só prosseguiram após o fim das hostilidades.

Na década de 1960, a Associação Internacional de Caridades começou a sentir necessidade de se actualizar. Em 1971, a AIC adquire um carácter internacional e renova-se na linha do Concílio Vaticano II.

As Associações dos diversos países, atentas aos sinais dos tempos, aceitaram as mudanças ocorridas na sociedade e na Igreja pós-conciliar: conforme aos ensinamentos do próprio Vicente de Paulo, elas decidiram mudar seus métodos e suas estruturas e elaboraram um estatuto internacional, de acordo com as exigências de nosso tempo. Em 1971, as delegadas de vinte e duas Associações, reunidas em Assembléia extraordinária, votaram o novo estatuto e adotaram o nome de AIC: Associação Internacional de Caridades.

Decidindo manter, no novo nome, o termo Caridades, os membros quiseram manifestar sua descendência directa da obra fundada por Vicente de Paulo e sua fidelidade ao ensinamento profético de seu fundador. O ano de 1971 foi de grandes decisões para a Associação. O reconhecimento da Associação Internacional e a adesão ao espírito inovador do Concílio Vaticano II deram um novo impulso à Associação Internacional de Caridades. Desde então, continuou a se desenvolver e a amadurecer, graças a uma renovação contínua da reflexão e da acção e graças, também, à tomada de consciência de suas funções próprias no seio da sociedade civil, da comunidade internacional e da Igreja.

Com o tema “Contra as pobrezas agir juntas”, a Associação Internacional de Caridades se transforma em uma rede de projectos através do mundo. A Associação Internacional de Caridades está presente, hoje, em numerosos países da Europa, da América Latina e da América do Norte, da Ásia e da África. Ela agrupa quarenta e duas Associações, com mais de duzentos e cinquenta mil membros, todos engajados no esforço de realizar, de modo adaptado ao nosso tempo, o projecto fundamental de Vicente de Paulo, seu fundador: “Contra as pobrezas, agir em juntas”.

Para favorecer esta tarefa comum, a Associação Internacional de Caridades se empenha em formar as Voluntárias da Caridade, organizando seminários em nível mundial e regional, visitando as Associações, publicando e difundindo documentos de reflexão e de formação. Coordena a actividade das Voluntárias por uma acção mais eficaz em favor dos Pobres e dos marginalizados, ajudando-os também a executar projectos locais, a obter subvenções de organismos internacionais, a favorecer permutas e colaboração entre projectos similares.

A Associação Internacional de Caridades tomou consciência de ser um entrelaçamento mundial de luta contra a pobreza e de promoção dos Pobres. Ela se aplica concretamente a suscitar a mesma convicção no seio de suas Associações. Enfim, preocupada com as situações, a Associação Internacional de Caridades se esforça por criar novos grupos nos países onde a Associação ainda não existe. Nesses países é, muitas vezes, necessário ter a presença de Voluntárias bem preparadas, como é indispensável a presença das Filhas da Caridade, cujo apoio neste sentido é determinante.

Consciente da universalidade dos problemas da pobreza, a Associação Internacional de Caridades se insere na vida das grandes organizações internacionais. A Associação Internacional de Caridades, como associação mundial, tem consciência de possuir um papel a desempenhar no plano internacional. Em vista disto, representa suas Associações junto aos organismos governamentais ou não-governamentais. Possui um estatuto consultivo junto à UNESCO, ao ECOSOC e ao Parlamento Europeu. Colabora com muitos outros organismos, num nível supranacional, participa dos entrelaçamentos e das mudanças. É membro do CIAS, da Conferência das OIC, da UMOFC e de outras associações femininas.

Associação Internacional de Caridades, associação de mulheres, dedica uma atenção particular aos problemas das mulheres. A participação em iniciativas em favor das mulheres é coerente com a preferência da Associação Internacional de Caridades. Sendo, desde a origem, uma associação, sobretudo feminina, dá uma atenção particular à situação das mulheres pobres, duplamente sofredoras, porque mulheres e marginalizadas; procura conhecer, sempre mais a fundo, suas necessidades, as situações de injustiças e de violências nas quais vivem. Para ser fiel a esta opção, consciente de sua responsabilidade, a Associação Internacional de Caridades participa de todas as grandes iniciativas mundiais em favor do mundo feminino.

Por suas representantes, colabora com as iniciativas de numerosos organismos não governamentais ou católicos, como por exemplo, na preparação da Conferência Mundial sobre as Mulheres, que teve lugar em Pequim, em 1995. A Associação Internacional de Caridades sabe que pode dar uma ajuda específica, graças à experiência concreta de suas Voluntárias, graças também ao desenvolvimento de sua ideia da importância das funções das mulheres nas famílias mais pobres e mais marginalizadas; sua experiência e seu projecto podem fornecer uma base útil à reflexão. São mediadoras, agentes de pacificação em um contexto fortemente marcado por dilaceramentos e oposições.

A Associação Internacional de Caridades adopta como linhas de acção: a formação, a comunicação, a solidariedade, a auto promoção, tomadas como eixo de sua acção junto às famílias pobres. Para ser fiel à sua missão específica, a Associação Internacional de Caridades sente necessidade de renovar-se constantemente para encontrar os melhores expedientes para a promoção dos Pobres, em um tempo e em uma cultura adequada. Para isto, em 1990, em Assis, Itália, a Assembleia das Delegadas definiu suas próprias linhas de acção, com o objectivo de um esforço conjunto para favorecer a formação, a comunicação, a solidariedade e a auto promoção. Estas linhas foram fixadas, desenvolvidas e consolidadas durante a Assembleia de 1994, em Antigua – Guatemala, considerando o caminho percorrido pela Associação. Com efeito, no decorrer dos anos, mesmo permanecendo fiel às preferências fundamentais, a reflexão da Associação Internacional de Caridades abriu novos caminhos e indicou novos objectivos.

A opção anterior de permanecer ao lado das famílias mais pobres, muitas vezes marginalizadas, forçadas a viver em situações sociais dramáticas, sofreu profundas modificações desde que se percebeu que a simples assistência era ineficaz e acabava por criar novas dependências. É preciso que os próprios Pobres participem de sua promoção. Isto levou a Associação Internacional de Caridades à maturidade de uma nova compreensão da importância da família em sua globalidade, tanto como primeira célula da comunidade humana quanto como origem primordial elementar da ordem social. Novas e mais profundas motivações, de ordem sociológica, foram resgatadas. De tais motivações nasceu a ideia de que não basta sustentar as famílias mais pobres, mas é preciso fazê-las tomar consciência do valor e dos direitos da família.

É preciso lutar com elas para defendê-las. No decorrer desta campanha, as Voluntárias da Associação Internacional de Caridades encontraram aliadas preciosas nas mulheres dessas comunidades: em geral, elas se mostraram sensíveis à dimensão familiar e social. Deste modo, nasceu entre as mulheres uma solidariedade que se exprime, concretamente, na participação activa nas iniciativas de protecção comunitária, projectadas e executadas, de comum acordo, pelas Voluntárias e pelas mulheres das comunidades locais, mulheres que poderão ser, futuramente, Voluntárias da Associação Internacional de Caridades, engajadas na auto promoção de sua comunidade. A ideia da auto promoção dos Pobres, tornada como um dos objectivos prioritários da Associação Internacional de Caridades, foi promovida no seio da Associação a partir de uma intuição das Voluntárias latino-americanas, alarmadas pelos sofrimentos das comunidades mais marginalizadas, onde as pessoas não são respeitadas em sua dignidade, seus direitos, sobretudo no direito de decidir sua própria vida.

Para combater esta negação do direito de os Pobres serem os agentes de sua promoção, as Voluntárias latino-americanas empreenderam uma campanha de animação comunitária, a fim de suscitar nos próprios Pobres o desejo de lançar iniciativas e de dar início a projectos de auto promoção. Da América Latina, esta intuição fundamental se divulgou, com mais ou menos dificuldades, no mundo inteiro. Em cada país há, actualmente, Voluntárias da Associação Internacional de Caridades engajadas em projectos dessa espécie.

Em 1994, a Associação Internacional de Caridades assume a defesa dos direitos humanos em favor dos mais pobres. No decorrer dos anos, a ideia de auto promoção se desenvolveu. Levou as Voluntárias a fazerem uma pesquisa minuciosa sobre o valor da pessoa. Chegou-se, então, à conclusão de que ninguém pode promover-se sozinho, que todo desenvolvimento autêntico só pode ser feito no contexto familiar e social. Empreende-se também, uma investigação sobre as injustiças que atingem, principalmente, os Pobres. Actualmente, são muitos os que se sentem rechaçados, marginalizados, excluídos de qualquer participação, recusados pela sociedade. Esta marginalização é gravemente injusta porque os impede de gozar dos direitos fundamentais da pessoa humana. Está ressaltado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e de acordo com o artigo 7, que toda pessoa tem o direito de ser protegida das discriminações.

O artigo22 afirma o direito de dispor de meios suficientes para o livre desenvolvimento de sua personalidade. A pessoa tem o direito de participar da vida pública e cultural de sua comunidade. Por conseguinte, como dizia Vicente de Paulo, a luta contra a exclusão social é “obra de Justiça antes de ser obra de Caridade”. A partir da reflexão sobre tais temas, as Voluntárias não quiseram ficar alheias a esse mundo onde existem tantos direitos negados. No decorrer da Assembleia, em Antigua, as declarações das Associações de Caridades do mundo inteiro engajaram as Voluntárias em uma acção “política”: em primeiro lugar denunciando as injustiças que ferem os Pobres, sobretudo as mulheres, e, depois, fazendo também pressão sobre as estruturas políticas, a fim de que sejam reconhecidos e defendidos os direitos das famílias e das comunidades marginalizadas.

Por esta acção política, as Voluntárias da Associação Internacional de Caridades colaboram com outras organizações de voluntariado, com as instituições e os movimentos sociais mais abertos aos problemas de justiça, sabendo muito bem que esta obra elas não podem fazer sozinhas. É preciso, então, uma vasta campanha de opinião pública. É preciso difundir na sociedade a ideia de que a pobreza não é uma fatalidade à qual seja preciso resignar-se, apenas suavizando seus efeitos com simples paliativos.

É preciso considerar a pobreza como uma injustiça a combater, começando por intervenções apropriadas de prevenção, assim como de sensibilização das culturas. Por “cultura” entendemos todo o complexo de ideias, de conhecimentos, de história, de tradição, que formam a mentalidade corrente. As Voluntárias da Associação Internacional de Caridades ampliaram sua pesquisa para poder discernir, na bagagem cultural de seu meio de vida, as motivações que criam tantas situações de injustiça, como a falta de respeito pela dignidade dos marginalizados. Descobriu-se uma vasta série de mentalidades. Há o desprezo explícito pelos fracos, olhados como frustrados, incapazes, portanto, indignos de gozar de seus direitos fundamentais.

Às vezes há uma grande variedade de sentimentos diversamente misturados: Em muitas pessoas é comum faltar, totalmente, a confiança nos Pobres e procurar substituí-los, oferecendo-lhes uma assistência, muitas vezes humilhante. Evidentemente, todas estas mentalidades são sérios obstáculos à auto promoção autêntica, baseada no respeito e na solidariedade paritária.

A Associação Internacional de Caridades encaminha suas actividades em direcção de uma cultura da solidariedade e da auto promoção, do respeito e da paz. Graças a esta reflexão, a Associação Internacional de Caridades percebe que, para defender a dignidade humana e a justiça, é necessário aplicar-se a extirpar tais mentalidades, a transformar convicções íntimas bastante difundidas e profundamente enraizadas.

É preciso sofrer o impacto das culturas existentes e nelas enxertar uma cultura nova de paz, de respeito, de solidariedade e de auto-promoção, à força de um trabalho lento e tenaz. Somente quando esta cultura for mais difundida é que se tornará realidade, no seio da comunidade humana, o voto expresso nas primeiras linhas da Declaração Universal dos Direito Humanos: “O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz”.

As Voluntárias da Associação Internacional de Caridades, membros de uma associação católica, reivindicando os valores da Caridade e da solidariedade cristã, não podem ignorar que impulsos podem ser dados a esta acção para o anúncio do Evangelho. Com efeito, a evangelização, que lança raízes profundas na cultura da sociedade, é a única capaz de produzir uma conversão das mentalidades.

Uma tal reflexão foi grandemente ajudada pelos textos mais recentes do Magistério da Igreja que apresentam o dever de os cristãos evangelizarem as pessoas, as comunidades e as culturas. Trata-se de uma maneira nova de viver a mensagem de Cristo e de anunciá-la, abordando as diversas comunidades humanas, de maneira que “o Evangelho, encarnado em sua cultura, manifeste toda a sua vitalidade, e que elas possam manter diálogo com as outras comunidades para se enriquecerem mutuamente”.

Este processo, fundamentalmente cristão e eclesial, este caminho, percorrido pela Associação Internacional de Caridades, unida com os Padres da Congregação da Missão e com as Filhas da Caridade, que sempre apoiaram esta Associação, continua realizando seu trabalho de serviço aos Pobres, conforme o carisma e a espiritualidade de São Vicente de Paulo.

Em nível internacional, a partir de uma reunião acontecida no dia 3 de Junho de 1995, a Associação Internacional de Caridades, iniciou, com outros grupos da Família Vicentina, uma relação mais profunda e uma interacção que conduzirá a um retorno às raízes da Associação, ou seja, a fazer reviver o projecto de Vicente de Paulo que instituiu a Associação para trabalhar em colaboração.

A AIC, actualmente conta com 260.000 membros, reúne 52 associações espalhadas por 4 continentes ( África, América, Ásia e Europa).

Objectivos para os nossos tempos:

Luta contra a pobreza, prestando atenção especial à pessoa do pobre;

Contínua atenção aos sinais dos tempos;

Promoção e defesa dos direitos humanos;

Acção denunciante e de reacção face às estruturas injustas;

Acções em prol da transformação cultural;

Acções face aos meios de comunicação social;

Presença nos mecanismos internacionais.

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